quinta-feira, 25 de agosto de 2011

HELICOPTERO HILLER AVIATION FH-1100 (PT-HUU) (EDRA HELICENTRO)

Data: 27 ABR 92
Hora: 12:00
Aeronave: Fairchild FH-1100
Operador: EDRA Táxi Aéreo Ltda.
Matrícula/Prefixo: PT-HUU
Tripulação: Ocupantes: 1 / Fatalidades: 0
Passageiros: Ocupantes: 1 / Fatalidades: 0
Total: Ocupantes: 2/ Fatalidades: 0
Local do Acidente: Tanabí - SP
Tipo de acidente: Pouso Forçado
Fase de Operação: pouso
Natureza do Vôo: vôo de translado
Aeroporto de Partida: Jales - SP
Aeroporto de Destino: Ipeúna - SP
HISTÓRICO
A aeronave estava em vôo de translado de Jales para Ipeúna quando, repentinamente, começou a vibrar e o piloto comandou a auto-rotação. Foi feito um pouso forçado em terreno arado. O piloto e o passageiro sofreram lesões graves e o helicóptero ficou irrecuperável.
ANÁLISE
Exames dos destroços evidenciaram a ausência de uma parte do rotor de cauda, indicando uma possível separação em vôo.
De fato, as pás fraturadas sofreram exames no CTA, onde se concluiu que a pá branca fraturou em vôo, provavelmente devido a mecanismo de fadiga.
As pás do rotor de cauda deste tipo de aeronave sofrem um tipo de erosão no seu bordo de ataque devido ao atrito com partículas de poeira ou areia durante a operação. Assim, pás praticamente novas, são condenadas devido a estes desgastes prematuros. No intuito de minimizar este problema, foi incorporada uma proteção no bordo de ataque com lâmina de aço.
As chapas utilizadas nestas adaptações pesavam mais de 100 gramas e o fabricante da aeronave limita ao máximo de cinco gramas de contrapesos para balanceamento dinâmico do rotor de cauda.
Devido à rigidez resultante desta adaptação, as pás tiveram as suas características de flexão reduzidas, causando concentração de forças em um ponto logo abaixo da proteção, provocando trincas e posteriormente o cisalhamento ou desprendimento da proteção, causando em ambos os casos um grande desbalanceamento e resultando em vibrações intensas na aeronave. Com as vibrações atuando em toda a estrutura e nos sistemas de comandos de vôo, o piloto teve dificuldade em manter o controle da aeronave e não conseguiu completar a auto-rotação com sucesso.
Os assentos dianteiros não possuíam suspensórios para ombros, o que pode ter contribuído para que os ocupantes tivessem sido lançados para fora do aparelho após o primeiro impacto, sofrendo lesões graves.
CONCLUSÃO
Fator Operacional
(1). Deficiente Manutenção - Contribuiu
Foi realizada uma adaptação nas pás do rotor de cauda não prevista pelo fabricante. Esta modificação provocou concentração de fadiga na pá e sua posterior quebra em vôo. A vibração subseqüente dificultou a controlabilidade do helicóptero.
(2). Deficiente Supervisão - Contribuiu
As inspeções e o controle realizados tanto pela oficina quanto pelo operador e pelo piloto não foram suficientemente eficazes para impedir as falhas verificadas. Não houve uma supervisão adequada no planejamento e na execução do serviço, possibilitando a aplicação do revestimento no bordo de ataque das pás do rotor de cauda.
(3). Deficiente Aplicação de Comandos - Indeterminado.
Não se pode avaliar com precisão o nível de vibração a que a aeronave foi submetida após a perda de parte do rotor de cauda, bem como a sua influência na controlabilidade durante o procedimento de auto-rotação. Supõe-se que o elevado nível de vibração tenha sido o fator que preponderantemente dificultou o controle do helicóptero para o pouso.
RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA DE VÔO
Os operadores de FH-1100 deverão inspecionar as pás do rotor de cauda quanto à existência de defeitos superficiais, principalmente na região próxima ao bordo de ataque, e que o reparo ou a condenação sejam feitos segundo os critérios estabelecidos no manual de manutenção. Não devem aceitar peças que não tenham sua documentação controlada e fiscalizada.
A Oficina EDRA deverá efetuar a manutenção seguindo o que está previsto pelo fabricante. Toda e qualquer modificação com o intuito de melhor aproveitamento de material ou extensão de sua vida útil deve ser submetida à aprovação do fabricante e/ou do órgão homologador antes de sua implantação.
O DAC deverá estudar a possibilidade de determinar ou recomendar, para os helicópteros operando no Brasil, a adoção de assento de encosto alto, conjugado com o uso de suspensórios de ombros, buscando reduzir as lesões pessoais no caso de pouso forçado. Determinar, através dos SERAC, a difusão deste relatório aos operadores de FH-1100, destacando as conseqüências de adaptações não homologadas feitas no rotor de cauda e efetuar uma visita técnica na EDRA Helicentro e uma Vistoria de Segurança de Vôo na EDRA Táxi Aéreo Ltda.


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